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27 de setembro de 2011

hoje reclamei

Perdoem-me pois hoje reclamei. Pedi o Livro de Reclamações numa livraria cheia de pais impacientes, na fila de espera para os (ainda) livros escolares.
A culpa é deste meu feitio impaciente e inconformado, que faz curto-circuito cada vez que lhe querem vender peixe estragado como se fosse a melhor iguaria do momento.
Fui levantar os livros há muito encomendados para a filha do 3º ano do 1º ciclo. Não tão espantada (confesso que já ía à procura de problemas), verifico que os livros de língua portuguesa não estão em conformidade com o acordo ortográfico. Menciono levemente a questão à funcionária atarefada ao que me responde não fazer ideia (como se fosse aceitável uma funcionária de uma livraria não ter ainda ouvido falar na questão). Insisto, pelo que ela se vê na obrigação de me chamar à atenção para o facto de a minha encomenda não referir expressamente que queria os livros de acordo com o acordo ortográfico… Desculpe? Como? Minha senhora – digo eu num suspiro profundo – encomendei os livros escolares para a minha filha do terceiro ano e os livros de língua portuguesa não estão em conformidade com aquilo que a professora pretende ensinar, pode trocá-los por favor? Encomendei há um mês os livros para este ano lectivo; parti do princípio que me venderiam os livros com o acordo ortográfico em vigor e não o que foi acordado no tempo das nossas avós! Não. - foi a resposta.
Veio a responsável pela secção (uma senhora que já fazia ideia do que eu falava) e mostrou-me o e-mail da editora. Segundo a Resolução do Conselho de Ministros nº 8/2011 de 25 de Janeiro de 2011, as editoras não são obrigadas a fornecer os livros de língua portuguesa do 3º ano (atenção pois isto é diferente para os vários anos e até diferentes disciplinas) impressas de acordo com o AO.
Ou seja: amanhe-se o encarregado de educação, o professor e o aluno! A pobre editora é que não pode ficar no prejuízo. O professor terá de dizer aos seus alunos que está escrito nos livros mas não é bem assim… é mais ou menos; os alunos terão de acreditar no professor e duvidar do compêndio e os pais terão, claro, de pagar por um artigo defeituoso.
A culpa não é da livraria? Talvez não, mas a reclamação ficou lá na mesma. Agora vou ali reclamar com a editora e de seguida com o Ministério.
“A língua portuguesa é um elemento essencial do património cultural português.” Assim começa a referida resolução. Pelo menos nisto estamos todos de acordo. Ou não?

8 comentários:

  1. Relamente, eu nem reparei se os livros do meu filho tb no 3º ano estavam de acordo com o novo acordo... No meu caso já os tenho, mas estou como tu indignada...

    Mónica

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  2. Pelo menos deveria ter reclamado que essa informação não lhe foi prestada no momento da encomenda, o que deveria ter acontecido! Se havia opção na escolha, deveria estar afixada essa mesma possibilidade

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  3. Acho muito bem teres reclamado, é sinal que estás atenta. Por aqui, os livros vão dire(c)tamente para a escola, o que facilita muito a vida e sinceramente não percebo porque a maioria das escolas não funciona assim.
    Beijo*

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  4. Mas passava pela cabeça de alguém que os livros não estivessem atualizados?!

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  5. Infelizmente, a obrigatoriedade dos livros escolares segundo o acordo é apenas obrigatório para o 1.º ano. Mas as editoras andam a enviar para as livrarias, para as lojas que também vendem livros e para os super e hiper mercados novas edições de todos os livros de apoio escolar com o novo acordo, mas o mesmo não se refle(c)te nos livros escolares por causa da continuidade dos mesmos durante X tempo (não sei dados concretos). Mas como os livros têm se ser ado(p)tados durante X anos contínuos. Talvez seja o caso dos livros da sua filha.
    Gostaria apenas de lhe referir que di(c)cionários do primeiro ciclo ilustrados ainda circulam sem o acordo.
    Todos os dias tenho problemas desse género: ter de andar à volta, com os clientes, de páginas e páginas de livros, auxiliares, gramáticas e di(c)cionários e verificar se já têm ou não o acordo. Aguardo calmamente que me pesam os Maias segundo o acordo *_*
    Concordando ou não com ele temos de nos a(c)tualizar e noto as pessoas mais alertas e mais ou menos esclarecidas e muito mais frequentadoras de livrarias!!! O que é muito bom!!!
    No entanto, estranho (como livreira) que lhe tenha dado semelhante resposta!!! Mas sei que nem todos somos iguais e nem todos ADORAMOS o que fazemos.
    Tenha calma e olhe à sua volta e veja se não foi uma situação isolada nessa livraria. Já "reclamou" por ter sido bem atendida e com atenção?!?! Provavelmente não. E aí está o mal, reclamamos uma situação pontual e que nos fez exaltar e que consumiu a paciência.
    Desculpe o meu desabafo, mas todos os dias lido com pessoas muito diferentes e com pontos de vista antagónicos e não podemos pontuar um serviço por uma resposta e uma atitude. E pondere que aquela livreira tenha acabado de atender um cliente exaltado e complicado que tenha consumido as entranhas da paciência e de qualquer bom senso imediato!!!
    Para o ano experimente encomendar os livros numa livraria local (quem me dera ter uma ou trabalhar numa*_*) e vai ver que não terá tantos contratempos. Foi o que eu fiz!!!
    Um beijo do norte e não se esqueça do seu manto de serenidade que tanto gostei!!!

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  6. Maria (não sei se é esse o nome) a livraria em causa é de facto uma livraria local, ou melhor, tão local quanto possível uma vez que fica na cidade mais próxima de mim, a cerca de 15 kms. Nem todos temos livrarias à porta de casa.
    Compreendo o que diz e acho que só quem nunca lidou directamente com o público é que pode não entender.
    Acho que está na hora de todos nos tornarmos mais exigentes com os serviços que pagamos. Eu devo exigir ser bem atendida e a livraria (ou o supermercado ou café...) deve ter a obrigação de ter funcionários competentes e justamente remunerados para não terem sempre o argumento de "não me pagam para isto". Como cliente é o que sinto na maioria das vezes. Como se resolve isto? Não sei. Os poucos países que tive oportunidade de visitar não sofriam deste mal e, francamente não me parecem intelectualmente superiores; então porque somos nós assim? Será ainda o rescaldo da nossa adolescente democracia? Talvez.
    Eu tento (tento) ser serena e acima de tudo justa. Gostava que fossem assim comigo também. Se já reclamei por ser bem atendida? Pode ter a certeza :) Com os anos tenho vindo a perder a vergonha tanto para criticar como para agradecer em voz alta cada vez que sou bem atendida ;)
    obrigada por se ter dado ao trabalho de comentar.
    beijinhos do centro :)

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  7. Fico muito contente por saber que já "reclamou" por ter sido bem atendida :) é tão raro que nem imagina!!!!
    Obrigada pela resposta e um beijo do norte com muito carinho.
    Uma seguidora fiel e que gosta muito do que a Dona Maria faz :)
    Maria e beijinhos mimados da Inês

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  8. "A língua portuguesa é um elemento essencial do património cultural português" - então, porque é que querem que eu escreva como os brasileiros? Alguém nos perguntou se estavamos de acordo com o dito Acordo Ortográfico? Ingleses e americanos têm a mesma raiz linguística e,não têm AO, nem os espanhois e a toda a américa latina, nem os franceses e áfrica, etc!!!! Porquê nós? Melhoramos alguma coisa? Ficou mais claro, o nosso falar? Entendemo-nos melhor? O mundo gosta mais de nós? Ou os brasileiros? Quanto à funcionária da livraria, também o AO não a fez ficar com melhor educação...

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